sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Yorn Olimpics - Cartazes





















Copy: Joaquim Rocha
Direcção de Arte: Ricardo Gaspar
Agência: Ativism

Proposta não aprovada

Yorn Olimpics - Identidade





















Copy: Joaquim Rocha
Direcção de Arte: Ricardo Gaspar
Agência: Ativism

Proposta não aprovada

Centro Comercial Alegro - Outdoor










Copy: Joaquim Rocha
Direcção de Arte: Ricardo Gaspar
Agência: Ativism

Jornal i - Imprensa




Copy: Joaquim Rocha
Direcção de Arte: Ricardo Gaspar
Agência: Ativism 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Câmara Clara - Imprensa










Copy: Joaquim Rocha
Direcção de Arte: Ricardo Gaspar
Agência: Ativism

domingo, 31 de maio de 2009

Câmara Clara - Lugar às ideias


Filme promocional do Programa Câmara Clara, apresentado por Paula Moura Pinheiro na RTP2





Copy: Joaquim Rocha
Direcção de Arte: Ricardo Gaspar
Agência: Ativism
Produção: Bus

quinta-feira, 14 de maio de 2009


O OPTIMISMO DOENTIO

Abusando do espaço que me é concedido neste jornal, decidi utilizar os quatro mil caracteres a que tenho direito todos os meses para desancar numa nova corrente de pensamento que cresce na proporção inversa dos índices de mercado das principais bolsas mundiais – o optimismo doentio.

Longe de ser um fenómeno local, o optimismo doentio tem contornos de supra-estrutura ideológica que se propaga facilmente independentemente da idade, sexo, raça, religião ou classe social. Qual vírus da imunodeficiência do bom senso humano, o optimismo doentio é um mal transversal a todas as sociedades e está presente em todos os continentes, o que torna o fenómeno numa catástrofe a nível mundial.

Antes de correr o risco de ser mal interpretado, vou aqui fazer uma declaração de interesses: eu sou um optimista e tenho para mim que a esperança é essencial à vida. Como seria possível viver se não acreditasse que o dia de amanhã vai ser melhor que o dia de hoje? Quem nos momentos difíceis me poderia servir de consolo, de alívio ou dar-me uma garantia de salvação? Quem nos melhores momentos me poderia inspirar a fazer coisas ainda melhores? Seria possível viver sem essa esperança? Pura e simplesmente não seria.

Depois disto, espero que não reste qualquer tipo de dúvidas. Não sou nem nunca fui um pessimista. Há muito que decidi responder àquilo que Camus identificou como a questão central da filosofia – “devo suicidar-me? “– com um valente NÃO e um sorriso franco nos lábios. Sim, acredito que há coisas pelas quais vale muito a pena viver e tu és uma delas, meu amor. Sim, sou um optimista. Um optimista apaixonado. Porém, consciente. Mas consciente de quê?

Consciente de que a esperança é uma ilusão e que esse carácter enganador sempre lhe deu má reputação. Os cínicos, por exemplo, sempre a entenderam como uma propensão para sonharmos acordados, como um alimento de falsas expectativas e ambições irrealistas, uma mentira mascarada de verdade que nos conduz a desilusões maiores. É verdade: a esperança distorce a realidade e impede que aquilo que é verdadeiramente mau e horrível se sobreponha ao que há de melhor e mais bonito.

Porém, e mesmo assim, mesmo sabendo que a esperança pode ser uma dolosa suave mentira, reconheço que ela é das poucas coisas capazes de fornecer um fim agradável e um sentido à vida. Sim, sei que o copo está meio vazio; mas eu gosto de o ver como estando meio cheio. No entanto, é uma opção.

O problema é que para os optimistas doentios isso não acontece. Para eles a questão de o copo estar meio cheio ou meio vazio nem se coloca: o copo está sempre cheio – ponto e não se fala mais nisso. Experimentem dizer o contrário, ensaiar uma crítica ou apontar um defeito, e verão o que vos acontece: rapidamente serão acusados, por um Cândido qualquer, de serem “pobres e mal agradecidos”, “uns meninos mimados que não sabem dar valor ao que têm”, em suma, um “bando de ingratos” que desdenham do facto de viverem no “melhor dos mundos possíveis”.

Os optimistas doentios são, por tudo isto, uns castradores, uma espécie de novos pequenos ditadores, que impedem e inibem o aparecimento e o desenvolvimento de qualquer manifestação de espírito crítico. Impõem o “tens de ver as coisas sempre pela positiva” sem qualquer respeito pelo certo e o errado, e pôr em causa, seja o que for, está para eles absolutamente fora de questão.

Qual directiva da Europa comunitária, o optimismo doentio tende a normalizar o pensamento e impor como única realidade a aceitação sem questionar. Para os seus seguidores está sempre tudo bem: perdeste um braço? Tiveste sorte, podias ter perdido os dois. Morreu-te um primo? Podia ter-te morrido uma tia também. Perdeste a casa num terramoto e estás alojado numa tenda? Encara isso como estado a passar férias num parque de campismo. Levaste quatro tiros no carro a caminho para o trabalho? Sim, mas vives num país que é lindo e maravilhoso, e as pessoas são fantásticas. Para um optimista doentio, e por muito mal que possamos estar, ainda poderíamos estar pior. E assim sendo, só temos de nos dar por felizes e satisfeitos.

A questão é que eu gosto de ver as coisas pelo lado bom, mas odeio ser obrigado a isso. Quero poder ficar triste, deprimido e continuar a criticar tudo e todos, se for caso disso. Por essa razão estou aqui a reivindicar o meu direito à lucidez, aos meus quinze minutos de realidade, mesmo que a seguir me vá perder em falsas expectativas. Assim, peço a todos os optimistas doentios que me poupem aos “és muito negativo” e aos “só sabes dizer mal”, tal como eu prometo poupá-los por pensarem que ser “positivista” equivale a ver as coisas pela positiva, numa total manifestação de ignorância pelo significado da palavra.

E agora que fiz a vontade ao dedo e o gosto à alma, vou encher-me de falsas esperanças e voltar a telefonar-te. Posso?

(texto escrito para o Jornal Lux-Frágil)